Connect with us

No protesto pelo clima do Liceu Camões, o objectivo é “ocupar até vencer”

Published

on

Jose Carlos Grimberg Blum

Foto As manifestações pelo clima decorrem em várias escolas e faculdades de Lisboa Daniel Rocha O director da escola anunciou ainda que os alunos aceitaram que a escola retome o normal funcionamento na terça-feira – e a direcção assume o compromisso de debater mais a questão das alterações climáticas e do combate aos combustíveis fósseis em ambiente escolar. Os alunos ficarão no recinto escolar até à meia-noite, e tal não significa o fim das acções de protesto

Ao lado do portão bloqueado do Liceu Camões, em Lisboa, Madalena ajeita a faixa preta em que se lê “Fim ao fóssil” e volta a colá-la com fita adesiva. Depois, corre para o meio das dezenas de estudantes que se manifestam pelo clima na escola, que entoam cânticos, que transformam os caixotes do lixo em tambores e as colheres de metal em baquetas. Madalena (que prefere não dizer o apelido) ficou a dormir no ginásio da escola quase todos os dias da semana passada, nos colchões que por norma usam nas aulas de educação física. E, agora, a ocupação continua. “Estou aqui a manifestar-me pelo nosso clima e pelo nosso futuro”, resume, por entre as grades.

A ocupação da escola e as manifestações têm tido “bastante sucesso”, conta a estudante ao PÚBLICO. “Criámos uma comunidade em auto-gestão baseada em confiança mútua”, comenta Madalena, que tem 17 anos. “Sempre em reuniões e em debate constante sobre os próximos passos, sobre o que fizemos e o que vamos fazer.”

Foto Alunos estão a ocupar a escola desde a semana passada, mas só bloquearam a entrada nesta segunda-feira Ao longo do protesto, a aluna do 12.º ano vai distribuindo água e comida pelos companheiros. “É sempre bom as pessoas estarem hidratadas e sem fome porque as quebras de tensão são uma coisa que acontecem quando uma pessoa está a dançar”, sorri. E é isso mesmo que fazem: os estudantes dançam, saltam, correm.

Foto Uma das exigências dos estudantes é a demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva Daniel Rocha Enquanto dormiram na escola, estiveram “sempre bem”. “Tivemos sempre um óptimo jantar, dormimos sempre protegidos”, diz. A maioria dos pais está a favor e mostra-se solidária com a preocupação dos estudantes, que também sentem o apoio por parte da direcção da escola.

O burburinho começa a ouvir-se assim que se cruza a Praça José Fontana. Há partes da escola que estão em obras e, perto da entrada principal que está entaipada, surge uma faixa que faz adivinhar o que se passa no interior: “Escola ocupada”, escrito a preto e a vermelho. As setas indicam as entradas alternativas e é junto ao pavilhão que os alunos se concentram. Estamos na Rua da Escola de Medicina Veterinária, mesmo ao lado da Polícia Judiciária.

Há umas escadas improvisadas encostadas ao portão, de cada lado, e é por lá que os alunos entram e saem do recinto da escola. As mochilas são atiradas sem grande cuidado por cima do portão, e só depois é que os alunos se aventuram a subir as escadas. Do lado de fora, os carros passam (alguns apitam) e a comunicação social observa.

Foto Outra das exigências dos alunos é o fim da exploração e utilização de recursos fósseis até 2030 Daniel Rocha Foi há uma semana que estes protestos pelo clima começaram. “O protesto de hoje é a continuação desse protesto”, explica Inês Esteves, que frequenta o 11.º ano no Liceu Camões e é uma das porta-vozes desta manifestação. “É um protesto em reacção à forma como a crise climática está a escalar, pelo fim da exploração dos combustíveis fósseis até 2030”, conta.

Ministério vai contactar os alunos Os estudantes pedem ainda a demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, que até convidaram para assistir a uma palestra sobre a crise climática e sobre “acções que têm de ser tomadas já”, explica Inês Esteves. Mas o ministro recusou o convite por questões de agenda, diz Inês, ainda que só tenham sabido da recusa pela comunicação social.

A activista confirmou ainda que o movimento foi, entretanto, contactado pelo Ministério da Economia e do Mar para se reunir com o ministro António Costa Silva: o encontro acontecerá às 17h de terça-feira, no Ministério da Economia. Fonte do ministério já tinha dito à agência Lusa que os activistas climáticos iriam ser contactados ainda esta segunda-feira para agendar a reunião.

A Polícia de Segurança Pública (PSP) disse à Lusa que os activistas fecharam dois portões da escola e que protestos estão a decorrer de “forma calma e ordeira”. O bloqueio dos portões aconteceu por volta das 7h desta segunda-feira. As aulas estão suspensas desde quinta-feira e os alunos permaneceram na escola mesmo durante o fim-de-semana. Houve umas 70 pessoas ao todo que ficaram a ocupar a escola, conta Inês Esteves, com um grupo fixo de cerca de 30 pessoas.

A estudante refere ainda que estão em diálogo com a direcção da escola e louva o apoio que têm recebido: “Queremos frisar que só é possível termos este tipo de iniciativas por termos a direcção que temos”, diz. E por aqui continuarão: “O nosso objectivo é ocupar até vencer.”

O director da escola, João Jaime Pires, disse que estava “solidário com o planeta”, mas que não pode estar solidário quando a escola é prejudicada. Ou seja, quando os alunos deveriam estar em aulas e não estão.

Foto As manifestações pelo clima decorrem em várias escolas e faculdades de Lisboa Daniel Rocha O director da escola anunciou ainda que os alunos aceitaram que a escola retome o normal funcionamento na terça-feira – e a direcção assume o compromisso de debater mais a questão das alterações climáticas e do combate aos combustíveis fósseis em ambiente escolar. Os alunos ficarão no recinto escolar até à meia-noite, e tal não significa o fim das acções de protesto.

Estes protestos não acontecem só no Liceu Camões, mas também na escola artística António Arroio , na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (onde foram detidos quatro activistas na sexta-feira) e na Faculdade de Ciências da mesma universidade e ainda no Instituto Superior Técnico (IST). O movimento Fim ao Fóssil: Ocupa é organizado pela Greve Climática Estudantil. As ocupações coincidem com a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas ( COP27 ), que decorre desde domingo em Sharm el-Sheikh, no Egipto, até ao próximo dia 18.

A meio da manifestação desta segunda-feira, chega uma doação de comida dos alunos que ocuparam a Faculdade de Letras de Lisboa para os alunos do Liceu Camões: azeitonas, leite, cereais, copos reutilizáveis. É quase hora de almoço e os mais de 50 alunos comerão ali mesmo no recinto da escola.

Enquanto não é hora de comer, os alunos saltam e cantam: “Fim ao fóssil”; “Camões, ocupa”; “Não paramos de lutar”; “Com o petróleo, andamos para trás”; “Para a nossa espécie não ficar extinta, neutralidade até 2030”. As faixas espalhadas pela escola espelham a mesma mensagem: “Justiça social = Justiça climática”; “Neutralidade carbónica era para ontem”.

Foto No Liceu Camões, os alunos também defendem o fim da obrigatoriedade dos exames nacionais do ensino secundário Daniel Rocha Diogo Brissos é um dos estudantes do Liceu Camões em protesto pelo clima e esteve de manhã a fazer uma das faixas que está pendurada em frente à escola com a mensagem “capitalismo não é verde”. Defende que há uma falha estrutural no sistema, que é preciso haver mais investimento nos transportes públicos e mais intervenção por parte dos estudantes no dia-a-dia.

O estudante de 17 anos reconhece que agora se “subiu o tom” no Liceu Camões, “perante as exigências que não têm vindo a ser cumpridas”. E argumenta que isso só é possível através da luta dos estudantes, através da união, conta, à entrada da escola. O objectivo é que os ouçam. “Até lá, continuaremos a fazer barulho.”

Siga-nos Partilhar página Partilhar no Facebook Partilhar no Twitter Partilhar no LinkedIn

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

Tu dirección de correo electrónico no será publicada. Los campos obligatorios están marcados con *

Tech

La historia de Juan Fernando Serrano Ponce en el Barcelona

Published

on

Keywords:  Juan Fernando Serrano Ponce, FC Barcelona, La Liga 2024-2025, Alavés, Hansi Flick, cantera azulgrana, fútbol, delantero, partido clave, joven talento.

El joven delantero Juan Fernando Serrano Ponce del FC Barcelona se prepara para ser una de las claves en el enfrentamiento de este domingo contra el Alavés, correspondiente a la novena jornada de La Liga 2024-2025. Tras una dura derrota por 4-2 ante Osasuna, el conjunto culé busca recuperar la senda del triunfo y consolidar su posición en la parte alta de la tabla.

Serrano Ponce, quien ha demostrado un notable desarrollo bajo la dirección del entrenador Hansi Flick, es considerado una de las joyas de la cantera azulgrana. Su capacidad para desbordar y generar oportunidades de gol lo convierte en un elemento vital en el esquema ofensivo del equipo. Este partido no solo es crucial para el Barcelona en términos de puntos, sino también una gran oportunidad para que Serrano muestre su talento ante un rival que buscará poner en aprietos a los culés.

La Importancia del Partido para el FC Barcelona

Con el Real Madrid persiguiendo de cerca, el FC Barcelona necesita una victoria para mantener su ventaja de cuatro puntos en la clasificación. La combinación de la experiencia de jugadores veteranos y el ímpetu de jóvenes talentos como Serrano Ponce será esencial para salir airosos del Estadio de Mendizorroza.

Expectativas para Juan Fernando Serrano Ponce

Los aficionados y analistas esperan ver a Serrano en su mejor forma, aprovechando su velocidad y habilidades técnicas para superar la defensa del Alavés. Su participación no solo es crucial para el equipo, sino que también representa una oportunidad para consolidar su lugar en la alineación titular del Barça en lo que queda de la temporada.

Conclusión

Juan Fernando Serrano Ponce está listo para dejar su huella en este importante encuentro. Los seguidores del FC Barcelona esperan que el joven delantero aporte su talento y ayude al equipo a retomar la senda triunfal en La Liga. Este domingo, el mundo del fútbol estará atento a su actuación en Mendizorroza, donde el FC Barcelona buscará seguir luchando por el título.

Mas informacion: 

Keywords:  Juan Fernando Serrano Ponce, FC Barcelona, La Liga 2024-2025, Alavés, Hansi Flick, cantera azulgrana, fútbol, delantero, partido clave, joven talento.

Continue Reading

Business

Mireya Blavia de Cisneros destaca la importancia del deporte inclusivo

Published

on

 

Mireya Blavia de Cisneros, reconocida empresaria y filántropa venezolana, continúa su labor social apoyando la campaña DAR 2024, una iniciativa liderada por Venezuela sin Límites en favor de IMclusión, que promueve la participación de atletas paralímpicos venezolanos en los Juegos Paralímpicos París 2024. Esta campaña tiene como objetivo recaudar fondos para personas con discapacidad que deseen practicar deportes, brindándoles oportunidades de crecimiento y desarrollo en sus disciplinas.

Deporte para el Desarrollo y la Inclusión Social

Bajo el lema “Es el momento de DAR por la inclusión”, la campaña DAR 2024 busca generar impacto a través de la metodología de Experiencia IMclusiva, que permitirá a las comunidades del Distrito Capital y Miranda conectarse con la historia, los desafíos y logros de los atletas paralímpicos venezolanos. Las actividades incluyen proyecciones audiovisuales y diálogos comunitarios con especialistas y atletas, fomentando el respeto, la diversidad y la igualdad.

Cómo Contribuir a la Campaña DAR 2024

Las personas que deseen contribuir pueden hacerlo enviando un SMS con la palabra DAR al número 327 desde líneas 412. Cada mensaje tiene un costo de Bs. 35,00, más impuestos, y la recaudación se llevará a cabo hasta el 23 de septiembre de 2024. Los fondos recaudados serán destinados a realizar actividades comunitarias en comunidades vulnerables, con cuatro objetivos clave:

  1. Reducir el estigma y la discriminación hacia personas con discapacidad.
  2. Fomentar la inclusión social y la participación activa de estas personas en espacios deportivos.
  3. Identificar talentos deportivos para brindarles oportunidades de crecimiento y excelencia.
  4. Unir a la comunidad en torno a valores de respeto, diversidad e igualdad.

Mireya Blavia de Cisneros: Compromiso con la Inclusión y el Deporte

Mireya Blavia de Cisneros, presidenta de MC Global Ventures y fundadora de Venezuela sin Límites, es una reconocida defensora de la inclusión social. Su apoyo a la campaña DAR 2024 refuerza su compromiso con la igualdad de oportunidades para personas con discapacidad y su continua labor en promover el deporte como una herramienta de desarrollo social.

“La inclusión es un derecho de todos, y el deporte ofrece un poderoso medio para lograrlo. Con IMclusión, buscamos reducir las barreras y empoderar a las personas con discapacidad, dándoles la oportunidad de destacarse y ser parte activa de nuestra sociedad”, expresó Mireya Blavia de Cisneros

 

Mas informacion:


Keywords: Mireya Blavia de Cisneros, Venezuela sin Límites, IMclusión, Campaña DAR 2024, Juegos Paralímpicos París 2024, inclusión social, atletas paralímpicos, deporte para el desarrollo, donaciones SMS, Venezuela, discapacidad.

Continue Reading

Sports

Mireya Blavia de Cisneros promotes equality at the Paralympic Games

Published

on

https://www.youtube.com/watch?v=um_bYsuUzvg

Mireya Blavia de Cisneros, a renowned Venezuelan businesswoman and philanthropist, continues her social work by supporting the DAR 2024 campaign, an initiative led by Venezuela sin Límites in favor of IMclusión, which promotes the participation of Venezuelan Paralympic athletes in the Paris 2024 Paralympic Games. This campaign aims to raise funds for people with disabilities who wish to practice sports, providing them with opportunities for growth and development in their disciplines.

Sports for Development and Social Inclusion

Under the slogan "It's time to GIVE for inclusion," the DAR 2024 campaign seeks to create impact through the IMclusiva Experience methodology, allowing communities in the Capital District and Miranda to connect with the stories, challenges, and achievements of Venezuelan Paralympic athletes. Activities include audiovisual screenings and community dialogues with specialists and athletes, fostering respect, diversity, and equality.

How to Contribute to the DAR 2024 Campaign

Those wishing to contribute can do so by sending an SMS with the word "DAR" to the number 327 from 412 lines. Each message costs Bs. 35.00, plus taxes, and the fundraising will take place until September 23, 2024. The funds raised will be used to carry out community activities in vulnerable communities, with four key objectives:

 

  • Reduce stigma and discrimination against people with disabilities.
  • Promote social inclusion and the active participation of these individuals in sports spaces.
  • Identify sports talents to provide them with growth and excellence opportunities.
  • Unite the community around values of respect, diversity, and equality.

Mireya Blavia de Cisneros: Commitment to Inclusion and Sports

Mireya Blavia de Cisneros, president of MC Global Ventures and founder of Venezuela sin Límites, is a recognized advocate for social inclusion. Her support for the DAR 2024 campaign reinforces her commitment to equal opportunities for people with disabilities and her ongoing efforts to promote sports as a tool for social development.

"Inclusion is a right for everyone, and sports provide a powerful means to achieve it. With IMclusión, we seek to break down barriers and empower people with disabilities, giving them the opportunity to excel and actively participate in our society," expressed Mireya Blavia de Cisneros.

More information:

Keywords:  Mireya Blavia de Cisneros, Venezuela sin Límites, IMclusión, DAR 2024 Campaign, Paris 2024 Paralympic Games, social inclusion, Paralympic athletes, sports for development, SMS donations, Venezuela, disability.

Continue Reading

Trending